Paulo Roberto Campos
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Pátio do Colégio, em 1824, pintura de Jean Baptiste Debret |
Enquanto líder católico, o ilustre orador que então contava com 27 anos, proferiu uma saudação ao prefeito Fábio da Silva Prado (no quadriênio 1934 a 1938). Essa histórica saudação foi uma homenagem à cidade em nome dos 15.000 jovens Congregados Marianos concentrados na área externa da Igreja do Sagrado Coração de Jesus.
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Diversos bandeirantes |
"Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal
Incumbiu-me a mocidade que aqui se congrega, de homenagear, na pessoa de V. Exa., a gloriosa capital paulista.
Há 460 anos, em 25 de janeiro de 1554, foi realizada,
diante da construção feita de taipa de pilão erguida
no Pátio do Colégio, a missa pela fundação da
cidade de São Paulo do Piratininga
Nada de mais grato para nossos corações do que celebrar, na festiva data de hoje, a grandeza e a glória da nossa Pauliceia, tão digna de todas as homenagens, pela sólida catolicidade que a distingue e pelo valor de sua atuação na vida nacional.
Consagrando ao Apóstolo das Gentes a cidade que acabava de fundar, Anchieta implorou e obteve, para a raça que dela brotasse, o idealismo abrasador, a energia inexaurível, a combatividade invencível, a audácia viril e realizadora que Paulo de Tarso soube pôr a serviço da maior das causas, a causa de Cristo e da sua Igreja. [...]
Não é apenas no idealismo candente e no vigor da ação, que os filhos desta cidade se têm mostrado dignos do Patrono que lhes deu Anchieta. É também pela universalidade de sua ação.
São Paulo, o Apóstolo das Gentes, não concebia limites para a sua doutrinação. O mundo inteiro era pequeno para a grandeza de seu ardor apostólico.
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Representação da cabana do cacique Tibiriça, na qual sacerdotes jesuítas se abrigaram no dia da fundação de São Paulo, 25 de janeiro de 1554 |
Assim também a ação vigorosa e fecunda dos paulistanos se destaca pela sua universalidade. Nem a distância dos lugares, nem a dificuldade das comunicações foram diques capazes de conter a ação da gente bandeirante, que se tem derramado em influxos benéficos sobre o Brasil inteiro. E desde as bandeiras até à reconstitucionalização do País, todos os episódios de nossa história têm sido um transbordamento do coração e da energia de São Paulo, para além de nossas fronteiras em benefício de nosso grande Brasil. [...]
São Paulo não é grande por ser rica. Mas São Paulo é rica, porque o paulista é grande. Nossa riqueza foi arrancada ao solo virgem de nossa terra depois de uma luta titânica contra a natureza bravia. Nossa capital não se construiu em fértil e luminosa planície, embelezada por todas as graças da natureza. Foi edificada em terreno montanhoso e sob um céu cheio de brumas, em que tudo no ambiente nos lembra, constantemente, a vocação do paulista; porque as brumas nos dizem lutar e o solo acidentado nos brada subir.
Se nosso Estado é próspero e nossa capital é bela, não o devemos nós, portanto, senão à mercê de Deus e à fibra de nossa gente. Porque foram sempre a mercê de Deus e o valor de nossa fibra a maior riqueza com que contamos”.
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