Repostagem
Edson Carlos de Oliveira
Mas infelizmente o filme fica nos devendo muitos detalhes importantes sobre a vida de Stauffenberg, omitidos, a meu ver, propositadamente. O leitor mesmo poderá analisar os dados abaixo e julgar se algum diretor da indústria cinematográfica teria coragem de colocá-los no roteiro.
Hitler cumprimenta o general Fromm na Toca do Lobo em 1944. À esquerda Stauffenberg. |
Desde setembro de 1942, diante do assassinato em massa de civis e judeus, Von Stauffenberg se declara com intenção de matar Hitler, mas seus amigos levantavam um problema de consciência. A obediência do exército alemão era uma questão de honra e atentar contra o chefe da nação não constituiria uma traição e um pecado grave de assassinato?
Mesmo Stauffenberg confidenciou ao seu antigo amigo da Escola de Guerra, Albrecht Mertzvon von Quirnheim, católico como ele, no dia 13 de julho de 1944: "Estou ciente de que nós vamos enterrar o espírito militar alemão (...). No entanto, devemos agir, pela Alemanha e pelo Ocidente”.
Quanto ao problema de consciência de seus amigos, Stauffenberg respondia com um argumento extraído daSumma Theologica de Santo Tomás de Aquino (In 2 Sentenças, 44.2.2) para justificar que o tiranicídio é permitido em certas circunstâncias.
Tempo antes, Stauffenberg havia se encontrado com o cardeal de Berlin, o conde Konrad Von Preysing, para discutir a matéria, e o purpurado alemão elogiou a intenção do nobre oficial e não apresentou nenhuma objeção teológica à razão apresentada.
Toca do Lobo após a explosão. |
O conde Von Stauffenberg e mais três outros foram executados naquela mesma noite.
No dia 7 de julho de 1944, o general von Tresckow confiou à Stauffenberg: “O ataque deve ser feito a todo custo. Mesmo se não tiver êxito, porque é para mostrar para o mundo e para a História que a resistência alemã ariscou tudo por tudo. Fora isso, nada mais importa”.
Pe. Alfred Delp, SJ, no tribunal nazista diante do temível juíz Roland Freisler. |
Os nazistas não conseguiram comprovar o envolvimento do sacerdote jesuíta no atentado de 20 de julho, mas, mesmo assim, o condenaram a forca.Pe. Delp morreu no dia 2 de fevereiro de 1945, seu corpo foi cremado e suas cinzas jogadas no esgoto. Um dia após sua execução, o juíz Roland Freisler, um dos mais terríveis de todo o regime nazista, faleceu durante um bombardeio. Deus o soterrou com as ruínas do simulacro de império que Freisler, em vão, ajudava a construir.
Postado em 29 de fevereiro de 2012, no Blog "Sou conservador sim, e daí?"
_________________
Fontes consultadas:
- Jean-Claude Valla. Revista Le Spetacle du Monde, fevereiro 2009. “Opération Walkyrie, Pour l’honneur de l’Allemagne”.
- Peter Hoffmann. “Stauffenberg: a family history, 1905-1944”, 2ª edição. Cambridge University Press, 1995.
- Fr. William Saunders. “Does the Church Condone Tyrannicide?”. Cfr:http://www.catholiceducation.org/articles/religion/re0476.html, acessado em 29/2/2012.
- Mary Frances Coady. "With bound hands: a Jesuit in Nazi Germany". Loyola Press, 2003.
0 comentários:
Postar um comentário