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terça-feira, 22 de maio de 2012

Para quem não assistiu, vale a pena assistir. Para quem já assistiu, alguns detalhes muito interessantes..."Operação Valquíria"

Repostagem

Edson Carlos de Oliveira 

Creio que muitos já viram o filme “Operação Valquíria” (foto acima) onde o ator Tom Cruise interpreta o coronel Claus Von Stauffenberg que planejou e executou um atentado contra Hitler no dia 20 de julho de 1944.

Mas infelizmente o filme fica nos devendo muitos detalhes importantes sobre a vida de Stauffenberg, omitidos, a meu ver, propositadamente. O leitor mesmo poderá analisar os dados abaixo e julgar se algum diretor da indústria cinematográfica teria coragem de colocá-los no roteiro.

Hitler cumprimenta o
general Fromm na Toca do Lobo
em 1944. À esquerda 
Stauffenberg.
Nascido em 1907 em uma família aristocrática católica, Claus Von Stauffenberg era filho do conde Alfred, marechal da corte do último rei da Alemanha, Guilherme II, que inspirava aos seus descendentes o culto ao império alemão restaurado por Bismarck (fato esse que não considero tão louvável).

Desde setembro de 1942, diante do assassinato em massa de civis e judeus, Von Stauffenberg se declara com intenção de matar Hitler, mas seus amigos levantavam um problema de consciência. A obediência do exército alemão era uma questão de honra e atentar contra o chefe da nação não constituiria uma traição e um pecado grave de assassinato?

Mesmo Stauffenberg confidenciou ao seu antigo amigo da Escola de Guerra, Albrecht Mertzvon von Quirnheim, católico como ele, no dia 13 de julho de 1944: "Estou ciente de que nós vamos enterrar o espírito militar alemão (...). No entanto, devemos agir, pela Alemanha e pelo Ocidente”.

Quanto ao problema de consciência de seus amigos, Stauffenberg respondia com um argumento extraído daSumma Theologica de Santo Tomás de Aquino (In 2 Sentenças, 44.2.2) para justificar que o tiranicídio é permitido em certas circunstâncias.

Tempo antes, Stauffenberg havia se encontrado com o cardeal de Berlin, o conde Konrad Von Preysing, para discutir a matéria, e o purpurado alemão elogiou a intenção do nobre oficial e não apresentou nenhuma objeção teológica à razão apresentada.

Toca do Lobo após a explosão.
No dia 19 de julho de 1944, o coronel Von Stauffenberg entrou em uma Igreja para rezar e só depois foi para casa dormir. Um dia depois, ele colocou uma bomba aos pés de Hitler, em Rastenburg, no leste da Prússia, quando este se encontrava em uma reunião com o seu Estado Maior na Toca do Lobo. A bomba explodiu, mas não Hitler não morreu.

O conde Von Stauffenberg e mais três outros foram executados naquela mesma noite.

No dia 7 de julho de 1944, o general von Tresckow confiou à Stauffenberg: “O ataque deve ser feito a todo custo. Mesmo se não tiver êxito, porque é para mostrar para o mundo e para a História que a resistência alemã ariscou tudo por tudo. Fora isso, nada mais importa”.

Pe. Alfred Delp, SJ, no tribunal
nazista diante do temível juíz 
Roland Freisler.
Depois do fracasso, a Gestapo conseguiu prender, oito dias depois, o padre jesuíta Alfred Delp após encontrar o nome dele escrito em uma caderneta pessoal de Stauffenberg. O Pe. Delp secretamente ajudava a fuga de judeus da Alemanha para a Suíça.

Os nazistas não conseguiram comprovar o envolvimento do sacerdote jesuíta no atentado de 20 de julho, mas, mesmo assim, o condenaram a forca.Pe. Delp morreu no dia 2 de fevereiro de 1945, seu corpo foi cremado e suas cinzas jogadas no esgoto. Um dia após sua execução, o juíz Roland Freisler, um dos mais terríveis de todo o regime nazista, faleceu durante um bombardeio. Deus o soterrou com as ruínas do simulacro de império que Freisler, em vão, ajudava a construir.



Postado em 29 de fevereiro de 2012, no Blog "Sou conservador sim, e daí?"
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Fontes consultadas:
- Jean-Claude Valla. Revista Le Spetacle du Monde, fevereiro 2009. “Opération Walkyrie, Pour l’honneur de l’Allemagne”.

- Peter Hoffmann. “Stauffenberg: a family history, 1905-1944”, 2ª edição. Cambridge University Press, 1995.

- Fr. William Saunders. “Does the Church Condone Tyrannicide?”. Cfr:http://www.catholiceducation.org/articles/religion/re0476.html, acessado em 29/2/2012.

- Mary Frances Coady. "With bound hands: a Jesuit in Nazi Germany". Loyola Press, 2003.

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