Por G1 - Edson Luiz Sampel*
As aparições do Papa Francisco têm revelado pouca preocupação com o rígido protocolo do Vaticano. Sua santidade, por exemplo, não se ateve estritamente ao texto que lia, quando se encontrou com os jornalistas na Sala Paulo VI.
Em determinado momento, deixou de lado o papel e, em tom simples e brincalhão, aludiu ao nome Francisco, dica de seu amigo, o cardeal brasileiro, dom Cláudio Hummes.
No primeiro Ângelus, o Papa Francisco chegou até a fazer referência direta a um livro do cardeal Kasper, e disse que não estava fazendo propaganda, algo impensável nos últimos dez pontificados.
Um dos pontos mais importantes dessas primeiras mensagens do novo pontífice está no que ele disse aos jornalistas: “como eu gostaria de ver uma Igreja pobre!.” De fato, Jesus Cristo, era um homem bastante pobre, paupérrimo, até.
O primeiro Papa, São Pedro, também era um pescador desprovido de grandes recursos. Mas, o que quis dizer o Papa Francisco com o desabafo expresso diante da imprensa?
A Igreja se torna realmente divina, a partir do momento que se faz pobre, ou seja, que põe toda sua confiança em Deus, e não nos bens terrenos. Uma Igreja pobre mantém firme a opção preferencial de Jesus pelos pobres.
Uma Igreja pobre abandona o luxo e a pompa e passa a buscar apenas a simplicidade, como fez o Papa Francisco, que nem sequer quis usar a estola papal, quando se apresentou ao povo na sacada da Basílica de São Pedro.
De qualquer modo, é bom que se diga que ao menos os últimos papas não foram homens ricos. O que chamam de riqueza do Vaticano, ou seja, as obras de arte, são patrimônio da humanidade.
Na Arquidiocese de São Paulo, lembro-me de que o arcebispo emérito, dom Paulo Evaristo, não tinha nem uma conta bancária em seu nome. No fundo, o Papa Francisco quer que não só os padres e bispos sejam pobres, mas, igualmente, os católicos comuns, que devem subsistir com o mínimo necessário e dar o restante aos mais carentes.
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* Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, no Vaticano. Integra a Sociedade Brasileira dos Canonistas e é professor da Escola Dominicana de Teologia, em São Paulo. Seu "víés" miserabilista (T.L), fica claro no texto.
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