Plinio Corrêa de Oliveira (*)
(sem revisão do autor)
Muitos são os meios de santificação que Deus, na sua infinita misericórdia, nos concedeu. De todos, o principal é a Eucaristia. Nos demais Ele nos dá a sua graça, mas pela sagrada comunhão Ele nos dá a Si mesmo. Por isso a Igreja sempre cercou a Eucaristia de toda a veneração e carinho, desenvolvendo em torno dela as mais diversas formas de culto. Instituiu tríduos, semanas e congressos eucarísticos, as horas santas, a adoração perpétua, as vigílias noturnas, as procissões eucarísticas, a festa de Corpus Christi, a festa do Coração Eucarístico de Jesus, e tantas outras práticas de piedade litúrgicas ou privadas.
Também com o objetivo de honrar a Nosso Senhor Sacramentado, a Santa Igreja recomendou muito as visitas ao Santíssimo, quer nos dias de exposição solene, quer nos dias comuns. Como fiéis zelosos, que em tudo queremos sentir com a Igreja, não podemos permanecer indiferentes a essa recomendação que Ela nos faz.
O significado profundo de uma visita ao
Santíssimo
As personalidades de relevo, numa sociedade, são sempre cercadas de manifestações de apreço e respeito. É justo e conveniente que isso seja assim. Um chefe de Estado, por exemplo. No seu palácio, a antecâmara está sempre regurgitando de pessoas que lhe querem falar. Cada um tem o seu pedido a fazer: nomeações, aprovação de propostas, deferimento de petições, etc. Se sai à rua, os transeuntes param, a fim de observá-los; os batedores precedem o seu automóvel com sirenes; uma comitiva sempre o acompanha. Se viaja, em todo lugar é esperado com discursos, bandas de música, cerimônias e recepções festivas.
Tal se dá - guardadas todas as proporções - com todo e qualquer potentado da Terra. Este é rico? A sua antecâmara estará repleta. Uns lhe pedem donativos, outros o convidam para recepções, outros apenas o bajulam. Aquele é diretor de uma grande empresa? Pedem-lhe empregos, recorrem à sua influência. Aquele outro é afamado pelo seu saber? Consultam-no, querem tê-lo por amigo.
Jesus Sacramentado, que temos sempre vivo entre nós, é mais poderoso do que os políticos, mais rico do que qualquer potentado, mais sábio do que qualquer homem de letras ou de ciência. Como poderíamos ter mais empenho em recorrer aos grandes desta Terra do que a Ele? Quem ousaria negar que é digno, justo e salutar que o procuremos sempre, com empenho e fervor, para lhe pedir os bens espirituais e materiais de que necessitamos, para lhe expor nossas tentações e angústias, para lhe dar graças pelos dons recebidos, para lhe manifestar nosso amor e para O adorarmos? À samaritana, Nosso Senhor disse: "Se conhecêsseis o dom de Deus..." O mesmo podemos dizer a nós mesmos. Se conhecêssemos, com fé viva e ardente, Aquele que nos foi dado, teríamos um empenho muito maior em estar com Ele e falar-lhe com freqüência.
As visitas devem ser frequentes
Se as nossas condições de vida o permitem, devemos visitar o Santíssimo diversas vezes ao dia. Precisamos de graça divina a todo instante e para a prática de cada ato de virtude. Não é justo que também peçamos essa graça com freqüência, recorrendo repetidas vezes ao Amigo que temos entre nós?
As visitas freqüentes ao Santíssimo têm ainda a enorme vantagem de que tornam mais fáceis certas práticas comuns de vida ascética, tais como a guarda do coração, o exame particular e o exercício da presença de Deus. Esses exercícios exigem uma atenção constante posta em nós mesmos. Ora, os afazeres da vida quotidiana, absorventes e muitas vezes enervantes, tendem a dissipar-nos, tornando particularmente penosas aquelas práticas ascéticas. Se nos for possível recolher-nos algumas vezes ao longo do dia, e dizer a Jesus, presente na Eucaristia, tudo que temos na alma, ser-nos-á mais fácil guardar o coração, examinarmo-nos sobre um ponto particular e conservarmo-nos na Sua presença.
É também louvável a prática de visitar Jesus Eucarístico em certas ocasiões, para nós incômodas. Se um rapaz, por exemplo, saindo à noite para uma reunião, desviar-se do trajeto habitual, especialmente para fazer uma visita a uma igreja, é fácil compreender como isso é agradável a Nosso Senhor, que tanto amou os homens e é tão mal correspondido. Se às vezes nossas dificuldades espirituais não se resolvem, e se os problemas materiais se nos tornam cada vez mais árduos, não estará o motivo, ao menos em parte, no fato de querermos sistematicamente reduzir tudo ao que nos é mais fácil e cômodo? Impormo-nos sacrifícios é medida salutar, que retempera a alma e atrai as bênçãos do Céu.
Com freqüência, pode também acontecer que nos seja indiferente rezar em casa ou numa igreja nossas orações habituais: o rosário, a meditação, o ofício de Nossa Senhora, etc. Nessa hipótese, é louvável que demos preferência à igreja. Jesus, que se deixou comover pelas lágrimas da viúva de Naim, restituindo a vida a seu filho, deixa-se também comover, com facilidade, por aqueles que procuram sempre a sua companhia. O seu Coração, que tanto sofre da indiferença e da apatia dos homens, quer ter-nos sempre junto a si. A Ele a Igreja aplica as palavras da Escritura: "Procurei alguém que me consolasse, e não encontrei". E foi o próprio Jesus que repreendeu os Apóstolos que dormiam: "Não pudestes vigiar uma hora comigo?"
As visitas freqüentes ao Santíssimo têm ainda a enorme vantagem de que tornam mais fáceis certas práticas comuns de vida ascética, tais como a guarda do coração, o exame particular e o exercício da presença de Deus. Esses exercícios exigem uma atenção constante posta em nós mesmos. Ora, os afazeres da vida quotidiana, absorventes e muitas vezes enervantes, tendem a dissipar-nos, tornando particularmente penosas aquelas práticas ascéticas. Se nos for possível recolher-nos algumas vezes ao longo do dia, e dizer a Jesus, presente na Eucaristia, tudo que temos na alma, ser-nos-á mais fácil guardar o coração, examinarmo-nos sobre um ponto particular e conservarmo-nos na Sua presença.
É também louvável a prática de visitar Jesus Eucarístico em certas ocasiões, para nós incômodas. Se um rapaz, por exemplo, saindo à noite para uma reunião, desviar-se do trajeto habitual, especialmente para fazer uma visita a uma igreja, é fácil compreender como isso é agradável a Nosso Senhor, que tanto amou os homens e é tão mal correspondido. Se às vezes nossas dificuldades espirituais não se resolvem, e se os problemas materiais se nos tornam cada vez mais árduos, não estará o motivo, ao menos em parte, no fato de querermos sistematicamente reduzir tudo ao que nos é mais fácil e cômodo? Impormo-nos sacrifícios é medida salutar, que retempera a alma e atrai as bênçãos do Céu.
Com freqüência, pode também acontecer que nos seja indiferente rezar em casa ou numa igreja nossas orações habituais: o rosário, a meditação, o ofício de Nossa Senhora, etc. Nessa hipótese, é louvável que demos preferência à igreja. Jesus, que se deixou comover pelas lágrimas da viúva de Naim, restituindo a vida a seu filho, deixa-se também comover, com facilidade, por aqueles que procuram sempre a sua companhia. O seu Coração, que tanto sofre da indiferença e da apatia dos homens, quer ter-nos sempre junto a si. A Ele a Igreja aplica as palavras da Escritura: "Procurei alguém que me consolasse, e não encontrei". E foi o próprio Jesus que repreendeu os Apóstolos que dormiam: "Não pudestes vigiar uma hora comigo?"
Objeções às visitas ao Santíssimo
As pessoas que descuidam dessa prática de piedade não são levadas a isso, na maioria dos casos, por motivos de ordem doutrinária, mas sim de ordem prática. Não sabem fazer as visitas a Nosso Senhor, não vêem os frutos que produzem, cansam-se, e acabam por abandoná-las. As objeções são, portanto, sobretudo de ordem prática, e por isso mesmo são mais disfarçadas, mais sutis, mais perigosas. Daí advém a importância de as estudarmos com cuidado.
As pessoas que descuidam dessa prática de piedade não são levadas a isso, na maioria dos casos, por motivos de ordem doutrinária, mas sim de ordem prática. Não sabem fazer as visitas a Nosso Senhor, não vêem os frutos que produzem, cansam-se, e acabam por abandoná-las. As objeções são, portanto, sobretudo de ordem prática, e por isso mesmo são mais disfarçadas, mais sutis, mais perigosas. Daí advém a importância de as estudarmos com cuidado.
Segunda objeção: Não tenho o que dizer a Jesus Sacramentado. Minhas visitas tornaram-se maquinais, frias, meramente externas.
Muitas vezes, é por desleixo nosso que não temos o que Lhe dizer, pois não nos esforçamos por fazer visitas bem feitas. Por que não aproveitamos a ocasião para relembrar os propósitos da última meditação, reafirmando a Nosso Senhor o desejo de cumpri-los? Por que não lhe expomos as dificuldades espirituais e materiais que nos preocupam no momento? Por que não pensamos no fato de que estamos visitando a Nosso Rei, sumamente majestoso e amável, que se dignou chamar-nos, não de servos, mas de amigos?
Uma frase da Escritura poderá inspirar-nos alguns atos de amor para com Ele. Digamos-lhe que queremos vigiar com Ele ao menos por uns poucos minutos; que desejamos consolá-lo, segundo a queixa amarga que Ele exprimiu; que o beijo que Lhe damos nunca há de ser de traição; que procuraremos dar-Lhe de beber, pois Ele tem sede, etc.
Terceira objeção: O tempo que tenho para o apostolado já é reduzido. Se vou interromper esse trabalho para ir à igreja, não sobra mais nada.
Quarta objeção: “A argumentação aduzida em favor das visitas freqüentes ao Santíssimo baseia-se em motivos de ordem meramente sentimental: consolar a Jesus, fazer-Lhe companhia, conversar com Ele, receber o influxo benéfico de sua presença, etc. Ora, a minha fé é esclarecida e varonil. Nada odeio tanto quanto o sentimentalismo. Prefiro, pois, os atos religiosos de caráter mais sério e intelectual: estudar a doutrina da Igreja, fazer meditações pelo método de Santo Inácio, assistir a conferências, etc.”
Quinta objeção: Em matéria de vida de piedade, eu me atenho às práticas litúrgicas. Sendo a oração oficial da Igreja, os atos litúrgicos têm mais valor do que os atos privados de piedade. Podendo comprar, pelo mesmo preço, uma jóia de alto valor ou uma de segunda qualidade, quem escolheria esta? Pois eu escolhi a de alto valor, que é a oração litúrgica.
Aos que desejarem aprofundar-se nesse assunto, recomendamos a leitura da citada Encíclica.
(*) Conferência sem data.
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