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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Um teste para o Leitor


Leo Daniele



Que pensar do texto abaixo?

“O Evangelho recomenda o desapego dos bens da Terra. Assim, uma sociedade verdadeiramente cristã deve condenar o uso de tudo quanto seja supérfluo para a subsistência. Jóias, rendas, sedas e veludos caríssimos, habitações desnecessariamente espaçosas e cheias de adornos, comida rebuscada, vinhos preciosos, vida social cerimoniosa e complicada, tudo isto é oposto à simplicidade evangélica. Jesus Cristo desejou para seus fiéis um teor de existência simples e igualitário”.
Irretocável! – dirá alguém. Muito cristão! – exclamará outra pessoa. “Esquisito” – dirá um terceiro. ”Falso” – pensará um derradeiro.
Na realidade, a proposição acima é errada. Ela consta de um livro em que a exposição das idéias se faz colocando lado a lado, primeiro as teses erradas, depois as corretas. Esta tese é uma das erradas.

Esse livro chama-se “Reforma Agrária – Questão de Consciência”, escrito por Dr. Plinio em colaboração com um Arcebispo, um Bispo e um economista católico brasileiro.

Ao lado está a proposição correta, que se opõe à precedente:

“O Evangelho recomenda o desapego dos bens da Terra. Esse desapego não significa que o homem deve evitar o uso deles, mas apenas que os deve usar com superioridade e força de alma, bem como com temperança cristã, em lugar de se deixar escravizar por eles.
“Quando o homem não procede assim, e faz mau uso desses bens, o mal não está nos bens, mas nele. Assim, por exemplo, o mal do ébrio está em si mesmo e não no vinho precioso com que se embriaga. Tanto é, que muitos são os que bebem vinhos da melhor qualidade e deles não abusam. O mesmo se pode dizer dos outros bens.

A música, por exemplo, tem sofrido muitas deformações abomináveis nas épocas de decadência. Não é o caso, por isso, de renunciar a ela sob pretexto de que corrompe. Cumpre fazer boa música, e da melhor, e usá-la para o bem.

E o autor conclui:

“Uma das vantagens duma harmoniosa desigualdade de bens está precisamente em permitir nas classes mais altas um florescimento particularmente esplêndido das artes, da cultura, da cortesia, etc., que delas promana depois para todo o corpo social”
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[1].[1] Cfr. “Reforma Agrária – Questão de Consciência”, p. 83 ss.

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